Argumentos a favor e contra sediar uma olimpíada geralmente são de ordem econômica. Os jogos criam empregos na indústria do turismo e construção ,mas geralmente geram benefícios imediatos e não de longa duração. O evento apresenta também uma oportunidade de chamar atenção para o meio ambiente, especialmente nas olimpíadas de inverno, onde os esportes são mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática já que dependem da neve e do gelo.
Nesta edição dos Jogos Olímpicos de Inverno em Vancouver, Canada, o impacto gerado pelo evento será levado em conta pela organização. Quando a cidade foi selecionada em 2003, pela primeira vez na historia das olimpiadas, um comitê se comprometeu a organizar um evento carbono neutro.
Estima-se que serão gerados cerca de 130000 toneladas de co2 durante os jogos. Planos para neutralizar essa emissão incluem investimentos em projetos de energia limpa e redução do consumo de recursos naturais através de varias estratégias. Infraestruturas esportivas já existentes foram utilizadas e edifícios novos construídos para outros usos foram adaptados para o evento. Todas as novas construções concebidas para os jogos foram projetadas dentro dos padrões de sustentabilidade e receberão pelo menos o LEED silver.
Richmond Olympic Oval (estrutura telhado)
Richmond Olympic Oval (fachada)
Os canadenses mostram grande preocupaçao com o planejamento do uso de toda essa infraestrutura pós-olimpíadas. Um edifício que exemplifica isso é o Richmond Olympic Oval, que hoje abriga uma pista de gelo de 400metros e uma arquibancada de 8000 lugares, mas que logo será transformado em um centro multi-esportivo para a comunidade com dois rinks de patinação, uma quadra e uma pista de atletismo. O edifício apresenta varias características de alta performance, como um sistema que armazena o calor produzido durante a fabricação do gelo e o reutiliza para aquecimento de água, calefação e refrigeração. O design arrojado de seu telhado, elaborado para simular um vôo, é composto por arcos de madeira laminada e estrutura metálica enquanto o forro é formado por painéis de madeira de redescobrimento provenientes de arvores infectadas que iriam se decompor no chão da floresta liberando co2 e gás metano. O uso dessa madeira garante que o carbono continuará estocado evitando a liberação de gases de efeito estufa.
Southeast False Creek (apartamentos)
Southeast False Creek (casas e áreas comuns)
O mais ambicioso e polêmico projeto foi o Southeast False Creek, onde em parceria com uma construtora, a cidade transformou uma área de brownfield em área residencial, que durante os jogos abrigará 2800 atletas. Depois os 1108 apartamentos e as 737 casas serão ocupadas pela comunidade. A concepção da vila fez parte do programa piloto do LEED para “desenvolvimento de bairros” e tem muito a recomendar, como o desenho voltado para o pedestre que incorpora espaços de uso comum e espaços comerciais. Apresenta de um sistema de coleta e reuso de água de chuva , 287000 square feet de telhado verde e um programa de geração de energia proveniente do calor gerado pelo esgoto da cidade, que é capaz de suprir 70% da demanda para calefação e aquecimento da água.
Southeast False Creek (casas)
Southeast False Creek (apartamentos)
fonte: GreenSource Magazine