Marcenaria + Reaproveitamento = Economia
Texto: Alice Schristzmeyer | Fotos: Alexandre Dotta
“Em casa de ferreiro, espeto é de pau”? Aqui a resposta é não. A arquiteta Juliana Boer, da Cria Arquitetura, apostou em recursos inteligentes para reformar e melhorar a circulação de seu apartamento de 60 m². Como destaque, está a marcenaria – toda desenhada por ela e planejada especialmente para o local: “Consegui adaptá-la ao espaço que tinha e economizei, pois _ z tudo em MDF branco. Se usasse acabamento laqueado, por exemplo, gastaria três vezes mais”, diz. Além disso, derrubar paredes foi necessário para ampliar o espaço e a iluminação. “Quis fazer uma suíte para mim e para o meu namorado – o advogado Rodrigo Araújo –, então, eliminei a parede que dava para a cozinha e usei o fundo do armário como divisória entre os dois ambientes. Para disfarçá-lo, coloquei espelhos na área do banheiro”, complementa. Outra medida importante para reduzir os gastos foi o reaproveitamento de móveis e acessórios do apartamento antigo – uns repaginados, outros assumindo funções diferentes e alguns no seu formato original.
Juliana Boer apostou em cores claras para todo o apartamento, o que – além de agradá-la mais – ajuda na iluminação e dá sensação de amplitude ao espaço.
- O rack de madeira freijó veio do antigo apartamento. Sobre ele, Juliana mandou fazer uma estante de MDF branco com nichos de
- 33 x 33 cm para abrigar a sua coleção de livros e objetos de decoração.
- Apesar do estar ser pequeno, em prol do conforto, a aposta foi por um grande (2,40 m largura x 1 m de profundidade) e confortável sofá revestido com suede. Ele é retrátil, o que permite estendê-lo quando se deseja assistir à TV.
- O tapete de náilon também era da outra morada e foi reaproveitado. Veio para aquecer o ambiente, já que o piso é de porcelanato,
- além de melhorar a acústica da área de TV, já que seus fios são um pouco mais longos.
- Para barrar um pouco a luminosidade e o calor da tarde, uma cortina tipo painel com xale de linho foi a escolhida.
- O bar é uma cristaleira antiga, comprada em um brechó na Rua Teodoro Sampaio, na capital paulista. A peça acompanha Juliana desde a adolescência e, na época, era usada como armário de banheiro para guardar cosméticos.
- A banquetinha era de sua avó e apenas recebeu uma nova palha no assento.
- Entre a cozinha e a sala de jantar, há um móvel multifuncional. Com 60 cm de profundidade e 1,45 m de largura, ele pode ser usado como bufê na hora de servir as refeições, como abrigo para objetos de decoração ou balcão americano, quando há mais convidados para as refeições. Além disso, em seus dois lados há armários para guardar louça, copos e outros utensílios. De MDF branco, recebeu vidro serigrafado no tampo para facilitar a limpeza.
- A mesa, com 1,5 x 0,8 m, foi feita com a mesma marcenaria e encostada na parede, para não atrapalhar a circulação. Por não ser presa à estrutura, pode ser desencostada e, assim, acomodar até seis pessoas.
- As luminárias têm design bastante inusitado e foram compradas com desconto de cerca de 50% em uma mostra de decoração.
- Essa é uma dica interessante, já que no fim de eventos como esse, sempre há a venda dos produtos utilizados nos ambientes com preços bem vantajosos.
- As cadeiras também vieram de lá, mas eram do próprio restaurante que Juliana e sua sócia, Maira Del Niero, fizeram. Essas, Juliana ganhou de presente e são muito especiais, já que a madeira é de poda urbana, isto é, coletada de árvores que precisaram ser retiradas
- ou caíram na cidade.
- Apenas o gabinete inferior foi pintado de branco e a cuba de louça (que estava rachada) foi trocada por uma de cerâmica.
- O painel com ripas de madeira teca (um deque, na verdade), de 0,90 x 2,5 m, era o suporte da TV na antiga casa. Agora, como a lateral da geladeira ficava à mostra para quem estava nas salas, a ideia foi colocá-lo ali. Além de esconder o eletrodoméstico, aquece o ambiente essencialmente branco.
- As pastilhas usadas sobre a pia vão até o limite do gabinete superior. O recurso dá uma cara descontraída à área e permite uma boa
- economia, pois, para revestir a parede até o teto, seria necessário, pelo menos, quatro vezes mais do material e ele ainda ficaria escondido atrás dos armários.
- Apesar de compacto, com pouco menos de 2 m de largura, o móvel da cozinha é bastante funcional. Feito de MDF branco, ele permite que os eletrodomésticos fiquem embutidos e ainda traz nichos na parte de cima para garrafas. Se não bastasse, a primeira gaveta é, na verdade, um apoio para o preparo de alimentos ou para fazer refeições rápidas. Entre a geladeira e o nicho do micro-ondas, há uma despensa retrátil – de apenas 0,20 x 2,20 x x 0,65 m – que permite o armazenamento de alimentos. O recurso facilita a visualização e deixa tudo ao alcance das mãos.
- A bancada da pia estava velha e com o mármore manchado, por isso, Juliana a trocou por uma feita de granito branco itaúna, uma
- pedra que tem um custo um pouco mais em conta.
- A porta de vidro jateado colocada entre os ambientes esconde a lavanderia e mantém a cozinha iluminada. A opção evita também o
- cheiro de comida e a gordura nas roupas penduradas no varal.
- Como o namorado dela trabalha em casa, Juliana transformou um dos quartos em escritório. A marcenaria, também de MDF branco, traz gaveteiros e móveis com rodízios, o que facilita na hora da limpeza, no acesso aos fios dos equipamentos e na remoção para outros ambientes.
- A cadeira vermelha, da década de 1970, era da avó de Juliana e dá um toque de personalidade ao espaço.
O móvel com rodízios facilita o dia a dia, em especial a limpeza do ambiente, e oferece, ainda, mais um apoio.
- Para ganhar um banheiro só dela, Juliana derrubou as paredes que o separava da cozinha e usou o fundo do armário de utensílios como divisória. Isso aumentou o espaço nos dois ambientes.
- A porta de correr era a única opção que cabia para dar privacidade à suíte.
- Para não prejudicar a circulação, a bancada de mármore branco nacional da pia foi feita com apenas 33 cm de profundidade e recebeu uma cuba de semiencaixe. Os espelhos se estendem até mesmo pela lateral da área. O recurso dá sensação de amplitude ao espaço.
- Os armários de mogno do outro proprietário foram mantidos. Para renová-los, Juliana usou tinta esmalte à base de água.
- Para dar destaque à área da cama, papel de parede floral. Como reveste apenas uma parede, foi necessário apenas um rolo.
- A moldura de gesso é maior que o convencional (50 cm) porque esconde a infraestrutura do arcondicionado e também “forma” o cortineiro.
- A cabeceira, de MDF branco, tem 2,30 m e se estende um pouco além da cama. Assim, já cria dos dois lados uma espécie de criado-mudo e nicho decorativo.
- Como o recuo era pequeno (50 cm) entre o fim da cama e a parede, a única alternativa foi embutir a TV diretamente na estrutura.
Projeto, Cria Arquitetura; marcenaria, Marcenaria Santiago; revestimentos e porta de correr, Telhanorte; pedras, Marmoraria Mundial; gesseiro, Rodiney; iluminação, Interluz; móveis, Emporio Arzzi; tapete de náilon, Etna (Campinas); luminárias (Bertolucci), mostra Campinas Decor.