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Metrópole Campinas

By fevereiro 5, 2008dezembro 5th, 2017imprensa

Metrópole Campinas Casa limpa Beleza natural: arquitetos, decoradores e usuários podem fazer escolhas que ajudam o planeta e tornam os ambientes internos mais agradáveis

As casas ecológicas estão em alta. São residências que fazem de materiais alternativos e menos agressivos à natureza sua principal matéria-prima. Pisos e objetos feitos de madeira de demolição, tecidos de fibras naturais e móveis reciclados são alguns itens à disposição dos que queiram levantar a bandeira contra o desperdício. “ A arquitetura sustentável, responsável e sintonizada com as questões contemporâneas pode contribuir de forma efetiva para a melhoria das condições de vida nas cidades e para a solução de sérios problemas ambientais”, diz a arquiteta Juliana Boer, ao lado da sócia, Maira Del Nero.

Um dos destaques entre os materiais é o bambu. “É facilmente renovável, pode substituir a madeira e, assim, impedir o corte indevido de árvores essenciais ao equilíbrio natural”, diz Maira. Em cinco anos, o bambu produz a quantidade de madeira que um pinheiro leva quatro décadas para fornecer. Pela característica tubular, agrega funções e adequações inerentes à sua forma. Composto basicamente de fibras longas, pode ser moldado ou desfiado para novas aplicações. “ É essencial que se escolha o tipo certo de bambu e o modo correto de tratamento para cada aplicação “ alerta.

A arquiteta Daniele Guardini Stancati enumera outros produtos ecologicamente corretos. São tijolos de barro prensado, madeira plástica feita a partir de garrafas pet e telhas produzidas com embalagens de creme dental. O grande desafio, observa a profissional, é saber o ciclo de vida de cada item que será usado. Nessa análise, considera-se a procedência e a forma de extração do material. Daniele alerta que as soluções benéficas ao meio ambiente devem ser previstas e idealizadas ainda no projeto.

Os projetos sustentáveis, afirma o arquiteto Paulo de Tarso, muitas vezes envolvem soluções simples, como recolher a água da chuva, que possibilita a sua utilização em banheiros e na rega de jardins. “É uma medida que economiza um volume considerável de água tratada para consumo humano”, diz. A correta definição de janelas, áreas iluminantes e mesmo as cores internas e externas dos edifícios, residências e escritórios contribuem para reduzir o uso de ar-condicionado e o consumo de energia elétrica.

Outro fator levado em conta pelos profissionais é a relação custo-benefício. “Alguns produtos reciclados são baratos. Outros, não”, observa a arquiteta Carla Mumme. Quando se pensa em material reciclado, diz a profissional, geralmente, considera-se o custo da matéria-prima, mas não o preço de sua produção. “Muitas vezes o custo do processo de reciclagem é alto”, afirma.

Arquitetura sustentável:
-É o aproveitamento passivo de recursos bioclimáticos, como iluminação natural e ventilação natural.
-Usa tecnologias sustentáveis na gestão e racionalização da água, como tratamento e reutilização de água de esgoto e de chuva.
-Utiliza tecnologias sustentáveis para gestão e racionalização da energia elétrica. Por exemplo: prioriza fontes renováveis na geração de energia elétrica e equipamentos de baixo consumo.
-Cria área para coleta seletiva de lixo e compostagem de resíduos orgânicos.
-Vale-se de ecoprodutos em todas as instâncias da obra.
-Usa matérias saudáveis para acabamentos e revestimentos que garantam a qualidade interna do ar: tintas ecológicos, vernizes isentos de COVs.

Madeira e certificação: A madeira maciça pode ser, sim, um material sustentável, desde que assegurada sua procedência. Os melhores padrões e critérios de extração florestal são estabelecidos pelo Forest Stewardship Council (FSC), único sistema de certificação independente que adota padrões ambientais internacionalmente aceitos. O FSC assegura a integridade da cadeia produtiva da madeira, desde o corte da árvore até o produto final ao consumidor. Oferece a melhor garantia disponível de que a atividade madeireira ocorre de maneira legal e não acarreta a destruição das florestas primárias, como a Amazônia.

Economia: consumo de energia e de água devem ser previstos nos projetos.

Ambientes – As arquitetas Juliana Boer e Maira Del Nero criaram vários espaços com materiais que preservam a natureza, sem deixar de lado a beleza. Entre eles, um ecobanheiro, uma clinica e duas versões de apartamentos.

ECOBANHEIRO
Para reduzir o consumo de energia, as lâmpadas foram substituídas por LEDs, diodos emissores de luz. A economia chega a até 80%. O raio luminoso é livre de UV e de calor, o que proporciona maior conforto térmico.

As persianas de seda artesanal com taboa e o vidro leitoso das cabines criam divisórias sem barrar a luz natural. A utilização de ecoplacas no forro, material composto por reciclado de embalagens e revestimento de placas de cortiça reciclada de rolhas nas paredes, dá conforto termo-acústico.

A economia no consumo de água vale-se de sistemas hidráulicos de baixa vazão. As torneiras com sensores de presença gastam metade do volume das tradicionais.

Para melhorar a qualidade da atmosfera interior, foram escolhidos materiais que trazem percentual mínimo de compostos voláteis, como resina impermeabilizante à base de óleo de mamona.

Três tipos de madeira foram empregados: taxodium, cedida pela CBFT, empresa de reflorestamento, madeira Teca com certificação FSC e madeira de demolição.

APARTAMENTO JOVEM
A integração entre cozinha, sala de jantar e sala de estar criou um ambiente único, onde a peça-chave é a grande mesa de jantar feita de madeira de demolição, que serve também de apoio para o preparo dos alimentos. No lugar das tradicionais cadeiras foram projetados bancos, também de demolição, que acomodam mais convidados e dão um ar descontraído à sala. Os demais móveis foram confeccionados em MDF certificado. Cortinas, capa de sofá e almofadas em algodão garantem o conforto do morador. O tapete foi substituído por um tatame de palha de arroz.

Objetos pessoais, como quadros, fotos e peças trazidas de viagens, dão identidade ao ambiente. O bambu aparece em vários objetos decorativos, como vaso, bandejas e baús.

Na cozinha, o desta que é o painel feito de azulejos de demolição, material que seria descartado e foi reutilizado. Os potes para mantimentos são de vidro reciclado.

CLÍNICA
A reforma de uma casa antiga priorizou o uso de iluminação natural, com grandes aberturas na fachada e iluminação zenital. A pintura com tinta natural, à base de terra, evita a emissão de compostos tóxicos (COVs) e garante a “transpiração” das paredes, regulando naturalmente a umidade do ar. Portas e decks são de madeira certificada.

O mobiliário é feito em MDF certificado, desenvolvido com linhas práticas e racionais, o que diminui o desperdício de material.

Custo: nem sempre o uso de materiais reciclados barateia uma construção, diz arquiteta

APARTAMENTO CASAL
O móvel em madeira Teca, com selo FSC tem um design versátil, composto de painel e aparador, que cria um apoio para a tevê e equipamentos eletrônicos.

A mesa de centro em madeira de demolição apóia objetos, como a bandeja revestida em folha de bananeira e caixas em lasca de bambu.

As cadeiras Calmaria, de estilo art déco, foram adquiridas num brechó e, depois de restauradas, receberam estofados de palha de seda rústica com tingimento natural.

As cortinas são feitas de seda com capim taboas. As fibras recebem tingimento natural originário de cascas de árvores, sementes e raízes. Paletes de madeira que seriam descartados foram utilizados como base para a cama box . A cabeceira, idealizada em madeira taxodium, foi envernizada com produto à base de água. As almofadas são de algodão orgânico e cortine em voile de seda.

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