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Go’Where Campinas n°1Decoração Sustentável

Os preços altos e a falta de informação faziam muitas pessoas nem cogitarem as idéias sustentáveis ao reformar ou decorar suas casas e apartamentos. Mas hoje a realidade é outra: o “verde” nunca esteve tão em alta. Aliar o uso racional dos recursos naturais e os benefícios proporcionados pela tecnologia vem fazendo com que os projetos de criação de arquitetos e decoradores se modifiquem completamente, movimentando o mercado brasileiro e mudando o perfil da sociedade.

Um relatório elaborado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente fez a primeira definição de desenvolvimento sustentável. “O desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.”
Mesmo sendo um assunto discutido há mais de duas décadas, especialistas dizem que o Brasil ainda tem muito a fazer para acompanhar os países mais desenvolvidos. O grande entrave para que projetos e decorações sustentáveis se tornem mais comuns continua sendo o custo, que na maioria das vezes é maior do que as obras não “verdes”.

A arquiteta Maira Del Nero, do escritório Cria Arquitetura, especializado em projetos verdes, diz que realmente é preciso, durante a obra, desembolsar mais em uma obra sustentável. Porém, a durabilidade tende a compensar o investimento. Ela explica que, ainda que o preço de implementação de alguns sistemas ambientalmente sustentáveis em um edifício verde gere um custo cerca de 5% maior do que um edifício convencional, sua utilização pode representar uma economia de 30% de recursos, durante o uso e ocupação do imóvel.

“O projeto vai se pagando com o tempo. Tem economia de energia, de água, de manutenção, entre muitas outras coisas. Hoje em dia, as pessoas já percebem que a sustentabilidade está ligada ao conforto, pois gera uma casa mais eficiente e faz bem ao planeta”, explica.
Em uma obra sustentável é preciso evitar o desperdício energético, usar ao máximo a luz natural, reutilizar boa parte da água gasta e trabalhar com materiais que não agridem o meio ambiente. Ou seja, é preciso buscar fontes alternativas. No cenário atual, as matrizes energéticas mais usadas no mundo são o petróleo e o carvão, além das usinas nucleares. “O caminho para a sustentabilidade não é único e muito menos possui receitas, depende do conhecimento e da criatividade de cada parte envolvida”, disse Maira.

De tijolos a cortinas, os produtos sustentáveis são os mais variados possíveis. Mas na hora de montar os ambientes, alguns fatores precisam ser levados em consideração para não trocar gato por lebre. “O plástico é derivado do petróleo, então não é o melhor produto para se usar, por isso vou comprar um banco de madeira. Mas não considera se ela tem certificação ou se é extraída ilegalmente. Isso acontece. A pessoa quer substituir, mas troca um produto ruim por outro equivalente”, disse a arquiteta.

A dica é avaliar se o produto tem algum selo ou aprovação de entidades com credibilidade no mercado ou se é parte de uma cadeia de produção de baixo impacto socioambiental – desde a extração da matéria-prima, até o transporte, embalagem e descarte na natureza. Além disso, se de alguma forma colabora na redução do consumo de água e energia.

A arquiteta Juliana Boer, também do escritório Cria Arquitetura, conta que em residências, as pessoas se preocupam com boa iluminação, priorizando luz natural e evitando ao máximo a artificial. As lâmpadas de LED, por exemplo, estão ficando mais acessíveis e já decoram muitos imóveis. “Elas custam cerca de três vezes mais, mas a durabilidade é muito maior se comparado com as lâmpadas comuns”. Aquecimento solar e reuso de água de chuva também se tornaram comuns. “Essa água pode ser usada para regar o jardim, encher a piscina, entre outras coisas”.
A elaboração de um projeto de arquitetura na busca por uma maior sustentabilidade deve considerar todo o ciclo de vida da edificação, incluindo seu uso, manutenção e sua reciclagem ou demolição.

A casa saudável, de acordo com o escritório, não usa nenhum tipo de produto tóxico, principalmente solventes. Plástico deve ser biodegradável, à base de amido, tinta apenas à base de água e produtos que não sejam derivados  do petróleo – muitos impermeabilizantes, por exemplo, já possuem produtos similares no mercado.

Tendências

JULIANA CONFERIU recentemente a Feira Internacional do Móvel de Milão, que está em sua 50ª edição. Ela conta que a sustentabilidade é uma tendência tão forte nos países da Europa, que isso não é mais usado como vantagem nos produtos. “Ano passado, as empresas ofereciam algo enaltecendo o que era mais sustentável. O marketing era sempre em cima disso. Esse ano, percebi que a sustentabilidade é algo que já está incorporado.”

Entre as novidades, ela conta que os móveis estão ganhando, cada vez mais, funções múltiplas. “As famílias estão cada vez menores, as residências também. Porém, todo mundo gosta de ter bastante gente em casa, receber amigos. E para se adequar ao estilo dessas pessoas, as empresas produzem produtos que se desmontam facilmente. Que se transformam. Uma mesa de jantar imensa pode facilmente se tornar compacta quando o cliente quer espaço, basta retirar duas peças. Ou um aparador pode se transformar em um Buffet maior. Essa é a tendência.”

A arquiteta também explica que atualmente tudo que há de mais novo, de mais tecnológico, é normalmente sustentável. “Antes, quando se pensava em sustentabilidade, pensava-se em bambu, por exemplo. Mas na verdade, tudo que está surgindo no mercado de mais inovador, foi feito pensando também na sustentabilidade. As coisas mais sofisticadas, mais modernas, estão leves, limpas, com design incrível e são ecologicamente corretas.”

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